Escorregamento vertebral pode causar dor intensa e incapacitante em alguns casos
O alinhamento das vértebras é muito importante para que a coluna vertebral exerça, adequadamente, sua função estruturante, de sustentação do corpo e de proteção da medula espinhal. Para isso, elas contam com diversas estruturas, como os ligamentos, articulações e discos intervertebrais.
Uma das condições caracterizadas pela alteração no posicionamento das vértebras é a espondilolistese, que ocorre quando uma vértebra escorrega sobre outra. Ainda que seja assintomática em muitos casos, a condição pode causar dor lombar incapacitante. Entenda mais no conteúdo a seguir.
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O que é espondilolistese?
A espondilolistese é um deslocamento ósseo que faz com que uma vértebra deslize ou escorregue sobre outra. Esse desalinhamento pode ser assintomático ou causar sintomas incapacitantes, dependendo das causas e da gravidade da condição.
Ainda que qualquer região da coluna vertebral possa ser afetada pelo problema, é mais comum que a espondilolistese ocorra em alguma vértebra da lombar.
Quanto à incidência, o problema pode afetar homens e mulheres de todas as idades, dependendo de seu tipo e de sua causa. No caso de pessoas que praticam esportes de tensão e impacto sobre a coluna vertebral, o risco de desenvolvimento da espondilolistese é até 40% maior.
Quais são os tipos de espondilolistese?
A espondilolistese pode ser classificada em cinco tipos. São eles:
Congênita
Como o nome sugere, a espondilolistese congênita ocorre desde o nascimento e pode ser causada, principalmente, por fatores genéticos que influenciam a formação da coluna do bebê.
Ístmica
Caracterizada por uma fratura nos istmos vertebrais, que são estruturas que ligam as partes anterior e posterior das vértebras. Esse tipo de espondilolistese é comum em crianças e adolescentes.
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Degenerativa
Na espondilolistese degenerativa, o escorregamento vertebral se dá por conta do desgaste das articulações, que se tornam mais afrouxadas. É mais comum em pessoas idosas.
Traumática
Traumas causados por acidentes ou outros eventos podem levar ao desenvolvimento de diversas doenças da coluna vertebral — entre elas, a espondilolistese.
Patológica
Tumores, infecções e outras doenças da coluna vertebral podem contribuir para as alterações ósseas e articulares que levam ao desenvolvimento da espondilolistese.
O que causa a espondilolistese?
As causas da espondilolistese podem variar muito e são o principal meio de classificação dos tipos da doença. São elas:
- Predisposição genética e malformações, como nos casos congênitos;
- Espondilólise, uma alteração nos istmos vertebrais que pode ser causada pela pressão constante sobre a coluna;
- Artrite, artrose e outras doenças degenerativas das articulações;
- O processo natural de envelhecimento;
- Traumas;
- Infecções, tumores e doenças da coluna, como a hérnia de disco, a estenose, entre outras.
Quais são os principais sintomas?
Muitos casos de espondilolistese permanecem assintomáticos por diversos anos, principalmente quando o grau de desalinhamento é leve ou moderado, ou quando a doença ocorre em pessoas mais jovens.
No entanto, os casos sintomáticos podem ser até mesmo incapacitantes em muitos casos. Isso faz da espondilolistese uma das principais causas de queixas por dor lombar nos consultórios de médicos especialistas em coluna vertebral.
Os principais sintomas relatados, nesse sentido, são:
- Dor lombar intensa que pode piorar com a movimentação ou mudanças de postura;
- Dor que irradia para ambas as pernas;
- Rigidez;
- Formigamento, sensação de dormência e perda de força;
- Alterações na postura;
- Alterações visíveis do alinhamento da coluna vertebral.
Alguns sintomas, como a dor irradiada e as sensações de formigamento, dormência e perda de força, são mais comuns quando a espondilolistese leva à compressão de raízes nervosas.
Como o diagnóstico é realizado?
O diagnóstico da espondilolistese começa com uma análise da história clínica do paciente e um exame físico. A partir da suspeita da doença, o médico pode solicitar alguns exames de imagem, como radiografias, tomografia computadorizada ou ressonância magnética.
Assim, é possível confirmar o diagnóstico da espondilolistese e visualizar possíveis outras doenças associadas. Além disso, é possível estabelecer o grau da doença, que é determinado pela porcentagem de escorregamento da vértebra da seguinte maneira:
- Grau I: menos de 25% de deslizamento;
- Grau II: entre 26 e 50%;
- Grau III: entre 50 e 75%;
- Grau IV: acima de 75%;
- Grau V: escorregamento completo da vértebra.
Como tratar a espondilolistese?
O tratamento da espondilolistese pode ser realizado por métodos conservadores ou por cirurgia. A escolha deve ser feita de acordo com a gravidade do deslizamento, a presença de sintomas e de comorbidade, e outros fatores que podem interferir na saúde geral do paciente.
Tratamentos conservadores
Os tratamentos conservadores são indicados em casos leves de espondilolistese, com grau menor de deslizamento e nenhum ou poucos sintomas. Exercícios físicos, reeducação postural e fortalecimento muscular são indicados, desde que com orientação profissional.
Medidas para aliviar a dor podem ser adotadas, como o uso de medicamentos analgésicos, anti-inflamatórios e corticoides, e tratamentos minimamente invasivos, como a rizotomia percutânea. Sessões de fisioterapia também podem ser indicadas a alguns pacientes.
Tratamentos cirúrgicos
A cirurgia para tratamento da espondilolistese é indicada quando os tratamentos conservadores não apresentaram melhora ou quando a doença é diagnosticada com gravidade acentuada (geralmente, maior que 50%) e sintomas incapacitantes causados pela compressão das raízes nervosas.
O principal objetivo da cirurgia é justamente a descompressão nervosa e o realinhamento das vértebras. Para isso, é realizada uma artrodese da coluna, cirurgia cujo objetivo é reposicionar e fundir os ossos com o auxílio de parafusos. Assim, o alimento das vértebras é mantido.
Como são a recuperação e os cuidados pós-operatórios?
O pós-operatório de uma cirurgia de espondilolistese, na maioria dos casos, costuma ser tranquilo. Todo o processo dura cerca de quatro meses e deve incluir repouso relativo nos primeiros dias após a cirurgia e pequenas caminhadas nos dias que se seguem.
É importante tomar muito cuidado com movimentos bruscos e evitar ficar na mesma posição por muito tempo. A retomada das atividades deve ser gradual, de acordo com a orientação médica.
Nesse período de recuperação, o paciente deve se atentar ao uso correto de medicamentos, às sessões de fisioterapia e aos cuidados com os curativos. Além disso, deve informar ao médico qualquer sintoma que possa indicar complicação.
Tem como prevenir a espondilolistese?
Nem todos os casos de espondilolistese podem ser prevenidos. Ainda assim, existem medidas que, em algumas situações, previnem a condição ou ao menos o seu agravamento. São elas:
- Evitar o sedentarismo, fazendo atividades físicas com acompanhamento profissional e sem sobrecarregar a coluna;
- Ter uma boa postura;
- Investigar e diagnosticar precocemente qualquer sinal que indique uma doença da coluna.
O Dr. Gustavo Agra é neurocirurgião especialista em coluna e realiza diversos procedimentos para tratar espondilolistese e outras condições. Entre em contato e agende uma consulta.
Fontes: